segunda-feira, 11 de maio de 2020

UMA ANTIGA CONTROVÉRSIA, O RACISMO

Há ou não racismo no Brasil? Esse é um tema antigo, que cada dia vem se tornando menos controverso. Ainda que haja vozes contrárias aos fatos, o Brasil vem lentamente tomando consciência de seu preconceito racial ou de cor.

Não é uma grande conclusão, dirão muitos, a de que há racismo no país.

Há no Brasil o famoso “mito da democracia racial”, cuja origem vamos encontrar na obra de Gilberto Freyre. Em uma comparação com os Estados Unidos, Freyre busca mostrar que o Brasil é resultado da mistura de três raças: o branco europeu, o preto africano e o ameríndio, já presente na América do Sul antes da chegada dos portugueses. Essa mistura é aceita pelos brasileiros como um valor positivo. Em sua monumental obra, Freyre mostra que, na formação do Brasil colonial e escravista, as relações sociais entre brancos e pretos eram diferentes daquelas que marcaram a formação norte-americana. Essa diferença se estabelece, entre outros fatores, pela prática de relações sexuais entre o senhor branco e a escrava preta, uma possibilidade sempre presente para reforçar a mistura que já existia na pele dos portugueses.

O “mito da democracia racial” acerta em uma coisa: diferentemente dos Estados Unidos, não existe no Brasil uma ideologia ativa e militante que sustente o racismo. Mas erra ao afirmar, muitas vezes completamente, como no livro Não somos racistas, do jornalista Ali Kamel, que o problema brasileiro não é discriminação racial, mas a discriminação baseada em classe social, uma espécie de classismo.

Todavia, é importante constatar, de maneira convincente, que há preconceito racial no Brasil.


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