É preciso buscar formas de aliviar os desconfortos emocionais que vivemos em tempos de pandemia. Ainda não sabemos o tamanho dos prejuízos emocionais que essa pandemia deixará em cada ser humano, um momento histórico e que certamente ficará gravado na mente e no corpo de cada um de nós.
Há um ano fomos surpreendidos com a notícia de um novo vírus, ele foi chegando causando barulho desde o início, mas passado todo esse tempo vemos o quanto ele é sádico, ele maltrata, causa muita dor na vítima, nos familiares e nos profissionais de saúde.
Aos poucos que ele nos mostra o quanto somos vulneráveis, que esse papinho que contamos o tempo todo para nós mesmos sobre termos controle da vida é conversa fiada. Nesse contexto vamos utilizando estratégias até então disponíveis, e uma delas é a privação social. A ideia aqui não é colocar em pauta se é ou não o melhor caminho, e sim abordar os transtornos emocionais que vem impactando cada um de nós.
Vivemos com o desconhecido, apesar de termos algumas notícias a respeito de como o vírus funciona, ele nos surpreende com as suas constantes mutações, gerando malefícios como o medo, tristeza, insegurança, depressão, ansiedade, crises de pânico, entre outros.
Nada fácil, até entendo que para uns o processo é mais tranquilo, mas para outros a prova tem sido aniquiladora. Vamos nos escondendo daquilo que não enxergamos, vivemos com a sirene em alerta, a qualquer momento podemos ser surpreendidos e aprisionados, o que faz com que a ansiedade aumente absurdamente.
Nos privamos de olhares, de toques, de sorrisos largos justamente em um momento em que as pessoas estavam mais abertas, se libertando de muitas crenças e comportamentos limitantes. Quanto não foi trabalhado nas últimas décadas para alcançarmos a compreensão de que podemos ser felizes, que precisamos correr atrás do que nos toca o coração, da importância do abraço apertado, de como o amor é capaz de curar muitos corações.
Que ironia, estamos isolados, uns mais do que outros, vivemos a privação em vários aspectos, amedrontados, ansiosos por carinho e contato. Percebemos o quanto a respiração mudou, está mais curta, acelerada, o coração bate forte, vamos dormir sobressaltados e quando acordamos pela manhã nada mudou. Respiramos fundo, levantamos e claramente não achamos uma saída mágica que nos tire do pesadelo. Acionamos todas as defesas interna e prosseguimos, mais um dia.
O fato é que a dor está presente, o medo também, somos vítimas do caos e precisamos reagir para conseguirmos seguir em frente com o mínimo de saúde mental. Não devemos hesitar em buscar ajuda, seja conversando com alguém da família, um amigo, um profissional, pois se calar pode trazer ainda mais malefícios, a dor não expressada também atinge o físico, dificultando ainda mais o processo de equilíbrio emocional.
Em uma realidade onde a privação acaba sendo o caminho principal para não dar força para esse vírus, nos vemos sem saída, sendo fundamental que possamos buscar atividades que nos alimentem a alma, nos traga alegria e alivie a tensão dos apertos que a vida está nos oferecendo.
Somos vítimas da privação social
LUCIANA KOTAKA é psicóloga, colunista, blogueira, escritora apaixonada pelo comportamento humano, em busca constante do papel da obesidade e dos transtornos alimentares como sintoma de uma sociedade ansiosa e angustiada.
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