quarta-feira, 26 de maio de 2021

GENOCIDIO DOS POVOS INDIGENAS COMO POLÍTICA DE ESTADO

 A proposta de lei que pretende permitir a mineração em terras indígenas é a ponta de lança de um pseudodesenvolvimento econômico a qualquer custo.

Desde a campanha de 2018, quando Bolsonaro ainda era deputado federal, o então candidato sempre atacava os povos indígenas e comunidades tradicionais, prometendo se eleito não demarcar um centímetro de terras conforme políticas dos governos anteriores que, em maior ou menor grau, vinham avançando.

Uma vez eleito, Bolsonaro vem dando vazão a uma política de desenvolvimento ultrapassada e enterrada, que remonta ao período do “bandeirantismo”, quando os povos originários eram tratados como entrave ao desenvolvimento predatório e, portanto, deveriam ser eliminados.

O que vem acontecendo nas terras da etnia Yanomami em Roraima é um roteiro conhecido. Garimpeiros agem de forma clandestina e criminosa dentro da reserva Yanomami e tentam encurralar os indígenas com ataques armados, intimidações e agressões.

A destruição ambiental provocada pela atividade garimpeira criminosa, com utilização em grande escala de mercúrio, tem poluído os rios, contaminando a cadeia alimentar, deixando os indígenas doentes e sem acesso à água potável e à pesca.

Com o apoio logístico e político do Governo Federal, os garimpeiros se sentem à vontade e legitimados para afrontar e atacar até mesmo os policiais federais que foram até a região para proteger os indígenas e foram recebidos a bala. O mesmo cenário está presente em relação aos Mundurukus que vivem na região do Tapajós, no Pará.

A flauta de Akuanduba, divindade justiceira dos índios araras, tocou alto na quarta-feira, 19 quando o chefe do Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acordou com a Polícia Federal promovendo uma devassa, cumprindo mandado de busca e apreensão em seu apartamento e na sede do órgão, na Esplanada dos Ministérios. Ele é suspeito de envolvimento direto no esquema criminoso de venda ilegal de madeira derrubada da floresta amazônica para exportação aos mercados europeu e dos Estados Unidos. Salles, o presidente do Ibama, Eduardo Bim – afastado do cargo por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes – e outros servidores públicos são investigados por crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando.

O PT protocolou notícia-crime no STF, pedindo o afastamento imediato de Ricardo Salles do comando do ministério, enquanto acontecem as investigações da Polícia Federal que apuram o envolvimento no esquema. A ação pede ainda que, a partir do afastamento, Salles seja proibido de manter contato com qualquer outro investigado pela PF no caso, sob pena de prisão. Salles foi denunciado ao Supremo pelo delegado da PF Alexandre Saraiva, então superintendente da Polícia Federal no Amazonas, afastado do cargo por decisão direta do presidente Jair Bolsonaro.

Como o próprio ministro disse em uma reunião ministerial, “precisamos aproveitar a pandemia para ir passando a boiada”.

https://www.noroestenews.com.br/1199/1199.pdf


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