Por Jorge Pontes
8 jun 2021, 17h44
A sociedade brasileira assiste, tomada de pavor, à possibilidade de termos, no segundo turno do pleito de 2022, um clash entre Bolsonaro e Lula, na disputa do Palácio do Planalto.
Nada poderia ser tão danoso do que experimentarmos um looping, um círculo vicioso de figuras que são causa e consequência entre si, alternando-se no poder, e aprofundando todas as crises, mazelas, divisionismos e fraquezas institucionais que acometem o Brasil ultimamente.
Bolsonaro veio ao cenário em 2018, apenas em razão do estado de obnubilação de grande parte do eleitorado, provocado pelo trauma dos desmandos e da corrupção sistêmica implantada pelos 16 anos de lulopetismo, e pelos desvios que o projeto de Lula operou na própria democracia, com indeléveis escândalos de mensalões e petrolões, que assistimos em sequência, graças às inúmeras e redentoras fases da hoje saudosa Operação Lava Jato.
Lula agora ressurge como opção para 2022, muito por conta da insensibilidade de Bolsonaro no trato da pandemia do Covid-19, de sua omissão em relação à destruição da Amazônia, e, principalmente, por conta do retrocesso que o presidente operou no enfrentamento à corrupção sistêmica, que paradoxalmente foi sua principal plataforma em 2018.
(...)
[Eles] Guardam em comum o negacionismo crônico, o messianismo explícito e o populismo barato, com os quais arrastam hordas de seguidores fanáticos.
Enfim, um é pai do outro, numa paradoxal linha do tempo de menos de quatro anos decorridos. São duas ruindades de primeira grandeza que definitivamente não merecemos.
Mas, é exatamente esse desastre que ambos representam, (...), que promoverá uma demanda quase que desesperada, da nossa sociedade, por uma terceira via serena, equilibrada e que retrate a verdadeira alternativa ao monstro de duas cabeças que se descortina no cenário de uma final entre Lula e Bolsonaro.
É o dragão do bolsopetismo que nos levará a querer, com todas as nossas forças, o caminho do meio, a sentir a necessidade premente do aparecimento do nome do equilíbrio e do consenso.
A sociedade há de identificar as imposturas de sempre; os inúmeros “pseudos-terceiras vias” que já se apresentam no cenário eleitoral.
E quanto mais demorar a surgir esse nome, mais iremos dele precisar; quanto mais tarde surgir, quanto maior o suspense, melhor ele será recebido e mais adesão promoverá em torno de si.
A terceira via se apresentará na hora certa. E o Brasil necessita de uma opção viável nas próximas eleições presidenciais, como os desertos precisam da chuva.
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