Em resposta ao vice-presidente da CPI, senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP), Luís Miranda disse que o presidente Bolsonaro tinha a
desconfiança da atuação de um deputado em torno das pressões no Ministério da
Saúde em favor da vacina da empresa indiana Bharat Biotech. Luís Miranda, no
entanto, disse não recordar do nome citado, mas apontou que o deputado é da
base governista e ligado ao presidente Bolsonaro.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) desafiou o
depoente a “ter coragem” de citar que o nome do deputado em questão era o de
Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados. Para o
senador, o depoimento de Luis Miranda ficaria incompleto ao não apontar o nome
do colega deputado. Alessandro Vieira também disse que vai apresentar um pedido
de convite ou convocação para a CPI ouvir Ricardo Barros.
Na mesma linha, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) pediu que o
deputado Luis Miranda não tivesse receio de indicar o nome citado por
Bolsonaro. Simone defendeu uma homenagem ao servidor Luis Ricardo, irmão do
deputado. Segundo Simone, Luis Ricardo impediu um negócio suspeito, e lembrou
que uma das bandeiras de campanha de Bolsonaro era o combate à corrupção. Em
resposta, Luis Miranda disse que, em alguns momentos, “é importante a gente
esquecer o que a gente escutou”.
— Acho que eu já cheguei no limite de complicar minha...
Não é que eu não esteja querendo colaborar. A CPI vai chegar [ao nome] e o
Brasil vai perceber que estamos vivendo uma hipocrisia — declarou Luis Miranda,
emocionado, para pouco depois confirmar o nome de Ricardo Barros.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), informou
que pediu à Polícia Federal para providenciar proteção para a família do
deputado Luis Miranda e ao servidor Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado.
Omar disse que já encaminhou o pedido há três dias e ainda não teve resposta e
cobrou agilidade do governo. Diante do fato, Aziz pediu que o presidente da
Câmara, Arthur Lira, garanta proteção para o deputado. Ele também disse que vai
providenciar os trâmites burocráticos para a proteção do servidor Luis Ricardo.
Impeachment
Para Fabiano Contarato (Rede-ES), a revelação reforça a
necessidade de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. O senador disse
esperar que o presidente da Câmara, Arthur Lira, leve avante um dos mais de 130
pedidos de afastamento do chefe do Executivo. Segundo Contarato, a CPI precisa
dar uma resposta à altura sobre essa denúncia.
— Os brasileiros precisam abrir os olhos. A denúncia vem de
alguém que é da base do governo — declarou.
Eliziane Gama (Cidadania-MA) afirmou que a admissão do nome
de Ricardo Barros confirmaria que o presidente Bolsonaro não só sabia das
supostas irregularidades como não fez nada para impedi-las. Para a senadora,
trata-se de crime de prevaricação. A parlamentar manifestou solidariedade a
Luis Miranda, que até chorou ao falar do nome de Ricardo Barros e do receio de
ameaças a sua família.
Resposta
Pelo Twitter, o deputado Ricardo Barros afirmou que não
participou de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin. “Não
sou esse parlamentar citado”, registrou o deputado, acrescentando que “a
investigação provará isso”. Barros negou que tenha indicado a servidora Regina
Célia, fiscal de contratos que teria autorizado a continuidade do processo de
compra da Covaxin dentro do Ministério da Saúde. O deputado afirmou não ter
“relação com esses fatos”.
Fonte: Agência Senado
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