Manifestantes voltaram às ruas de todo o país neste sábado (24/07) para protestos contra o presidente Jair Bolsonaro. Os atos foram convocados por partidos da oposição, centrais sindicais, movimentos de renovação política e grupos descontentes com o governo.
Dezenas de cidades brasileiras registraram manifestações,
incluindo capitais como Salvador, Belo Horizonte, Recife, Belém, Curitiba,
Goiânia, Florianópolis, João Pessoa e Maceió. Em São Paulo e Rio de
Janeiro, dezenas de milhares participaram dos protestos, segundo organizadores.
Ao todo, estavam marcados atos em quase 500 cidades,
incluindo em 17 países além do Brasil. Na Alemanha, protestos
ocorreram em Berlim e outras cidades.
Entre as principais pautas estiveram a defesa da democracia,
o impeachment de Bolsonaro, o fim da corrupção, vacinas para todos, volta do
auxílio emergencial de R$ 600 e geração de empregos de qualidade.
É a quarta vez em dois meses que os brasileiros saem às
ruas para grandes protestos nacionais contra o presidente, após os atos
de 29 de maio, 19 de junho e 3 de julho, e a primeira após
uma pesquisa Datafolha indicar reprovação recorde de Bolsonaro.
A maior concentração era esperada em São Paulo, onde o
protesto chegou a fechar os dois lados da Avenida Paulista ao longo da tarde.
Os participantes começaram a se reunir por volta das 14h (hora local) no vão
livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), e logo todos os quarteirões da
avenida estavam tomados. A circulação na via voltou a ser liberada a
partir das 18h.
Cartazes pediam o impeachment de Bolsonaro, o fim da devastação
da Amazônia e mais vacinas contra a covid-19 para a população. Muitos ainda
erguiam bandeiras do Brasil, que costumam ser associadas a apoiadores do
presidente.
Suspeitas de corrupção envolvendo o governo federal na
compra de imunizantes também foram lembradas. "Bolsonaro priorizou
propina em vez da vacina", dizia um cartaz na Paulista.
Diversos políticos estiveram presentes e discursaram em
carros de som durante o ato, incluindo os ex-presidenciáveis Guilherme Boulos
(Psol) e Fernando Haddad (PT), que foi também prefeito de São Paulo e ministro
da Educação nos governos petistas.
"Hoje nós temos 8 milhões de universitários neste país,
de todas as cores e orientações. O Brasil está representado, e temos uma massa
crítica que não vai abrir mão da democracia e de seus direitos sociais, civis e
políticos, e da sua liberdade", declarou Haddad.
Boulos, por sua vez, afirmou: "Vai ter eleição em
2022. E mais do que isso. Nós vamos trabalhar para que, antes da eleição, tenha
impeachment. Nós vamos trabalhar para que, em 2022, Bolsonaro não esteja na
urna."
Em Brasília, manifestantes fecharam a Esplanada dos
Ministérios durante a tarde. O ato começou por volta das 15h no Museu Nacional
da República e seguiu caminho até o Congresso Nacional. Além de pedidos
de "Fora, Bolsonaro", os participantes também pressionaram por
mais políticas sociais em meio à pandemia, como o aumento do auxílio
emergencial.
No Rio de Janeiro, manifestantes saíram às ruas do
centro da cidade ainda durante a manhã. A concentração ocorreu na avenida
Presidente Vargas, em frente ao monumento a Zumbi dos Palmares, e a marcha
seguiu até a praça da Candelária.
Manifestantes erguiam cartazes pedindo também a saída de
Bolsonaro, aceleração da campanha de vacinação contra a covid-19 e mais
proteção ao meio ambiente e à Amazônia. Presentes aproveitaram ainda
para criticar as privatizações de órgãos públicos, como os Correios. Grupos
ambientalistas, de defesa dos negros e dos LGBTQs também se uniram ao ato.
O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da
oposição na Câmara, lançou críticas a Bolsonaro em pronunciamento em cima
de um carro de som. Além de defender o impeachment do presidente, ele rechaçou
o voto impresso, que vem sendo defendido pelo governo federal.
Em Recife, a marcha ocorreu também pela manhã no centro da
cidade. Muitos vestindo vermelho e a grande maioria de máscara, os
participantes condenaram a gestão da pandemia de covid-19 por parte do
governo federal e pressionaram o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a
dar andamento ao processo de impeachment de Bolsonaro.
Em Salvador, um número semelhante de participantes de
protestos anteriores saiu às ruas, apesar do tempo chuvoso. "Nem
bala, nem covid, nem fome", dizia um cartaz que chamava Bolsonaro de
genocida e pedia o impeachment do presidente e do vice Hamilton Mourão.
"Dia de unir o país"
Os atos foram convocados pelo chamado Bloco Democrático,
formado por partidos de oposição, tanto de esquerda quanto de direita
(Cidadania, PV, PCdoB, PDT, PSB, PSDB, Rede Sustentabilidade
e Solidariedade), centrais sindicais, movimentos estudantis, movimentos de
esquerda e grupos a favor da renovação política.
O mote dos protestos dizia que é "dia de unir o país em
defesa da democracia, da vida dos brasileiros e do Fora Bolsonaro".
"É hora de unir os brasileiros, independente de
colorações partidárias e ideológicas, na defesa intransigente da
democracia", destacou o grupo em nota.
O bloco afirmou ainda que a "ação do governo federal
tem sido marcada de maneira criminosa pela irresponsabilidade e descaso com a
defesa da vida do nosso povo, atacando a ciência e sabotando a vacinação,
usando o momento de dor e perda por que passamos como uma oportunidade para
ações corruptas, reveladas pela CPI da Pandemia".
A nota acrescenta que "ao mesmo tempo em que sabota
todos os esforços da sociedade para vencer o coronavírus, Bolsonaro ataca
diariamente o regime democrático brasileiro e busca, inequivocamente, as
condições para a imposição de um regime autoritário que destrua as instituições
republicanas para acabar com as liberdades democráticas".
Renovação política
Desta vez, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua
optaram por não convocar os apoiadores para o ato, já que a iniciativa tem o
apoio de muitos partidos de esquerda. Os dois grupos marcaram um protesto pelo
impeachment de Bolsonaro para 12 de setembro, com o apoio de partidos como PSL
e Novo.
No entanto, outros movimentos intitulados de
"renovação política" estiveram nas ruas, como Acredito e
Agora, que defendem trazer nomes de fora da política partidária para
disputar as eleições.
Enquanto os dois primeiros protestos se concentraram,
sobretudo, na gestão catastrófica de Bolsonaro em relação à pandemia, o último,
em 3 de julho, passou a englobar, também, pautas anticorrupção, impulsionados
pelo escândalo da Covaxin. Além disso, os últimos protestos ganharam a adesão
de partidos da direita e da centro-direita.
Um comentário:
União faz a força!!!��.
Impeachment Já!!!
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