Este mesmo país está hoje devastado pelo desemprego e pelo agravamento da pobreza e da iniquidade. Ao invés de celebrar a esperança, todos os dias contamos os mortos e as novas vítimas de uma pandemia que, se era inevitável, poderia ao menos ter sido enfrentada com a responsabilidade e o cuidado com vida humana que o atual governo jamais demonstrou. A admiração do mundo deu lugar à repulsa e ao horror com o que se passa no Brasil. E a cada dia, uma porta para o futuro é fechada diante das brasileiras e brasileiros.
O processo de destruição do Brasil, iniciado com o golpe que
interrompeu o governo constitucional da presidenta Dilma Rousseff, alcançou primeiramente
os direitos dos trabalhadores e atingiu os aposentados; avançou sobre a educação
e saúde do povo, com a emenda do teto de gastos; minou as bases de qualquer política
de desenvolvimento, com o austericídio fiscal e o ataque aos bancos e mecanismos
públicos de fomento; entregou as riquezas naturais e o patrimônio do povo, abandonou
a população à selvageria das leis do mercado.
Um governo de índole fascista e obscurantista acrescentou a este
cenário o discurso do ódio e a incitação à violência, agravando o racismo estrutural
da sociedade brasileira, o machismo, a misoginia, a homofobia e o preconceito. Persegue
os indígenas, os sem-terra e todos que dele divergem. Ataca a ciência, a cultura
e a liberdade de expressão. Destrói a Amazônia e o Pantanal ante os olhos alarmados
do mundo. Mantém o país sob tutela militar e ajoelhado perante os Estados Unidos.
O que aconteceu no Brasil nesse período não foi uma simples troca
de governo, como é natural nas democracias. Para reverter o projeto de desenvolvimento
com inclusão social que estava em curso, em que pela primeira vez a maioria pobre,
negra e trabalhadora deste país estava no centro e na direção das políticas públicas,
foi necessário atacar o cerne do processo democrático. Atacar o voto popular que
originou as mudanças, ainda tímidas diante do passivo de desigualdade do país, mas
intoleráveis pelos herdeiros históricos da casa grande.
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