terça-feira, 28 de março de 2023

O ataque a faca em escola de SP

Um ataque a faca nesta segunda-feira (27/03) na Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro de Vila Sônia, em São Paulo, deixou uma professora morta e quatro pessoas feridas.

Os danos somente não foram maiores graças à intervenção de duas outras docentes, que conseguiram imobilizar o agressor.

Como ocorreu o ataque

Um adolescente de 13 anos, estudante do 8º ano do ensino fundamental, invadiu uma sala de aula e golpeou a professora pelas costas. Ele vestia roupas pretas e usava uma máscara com uma caveira estampada. A vítima era a professora de ciências Elizabeth Tenreiro, de 71 anos.

Nas imagens da câmera de segurança, ela parece não perceber a aproximação do adolescente, que a atinge com vários golpes. Os alunos correm para deixar a sala; o agressor atinge alguns deles com a faca e vai atrás do grupo. Um dos alunos que permaneceu na sala vai até a professora atingida, caída no chão.

Imagens de uma segunda câmera de segurança mostram o jovem atacando outra professora com vários golpes, enquanto ela tenta se proteger. Ela acaba caindo ao chão e é arrasada pelo adolescente, que continua a agredi-la. Em seguida, duas mulheres entram na sala, uma delas consegue imobilizar o jovem enquanto a outra retira a faca de suas mãos.

Elizabeth Tenreiro não resistiu aos ferimentos e morreu pouco depois do ataque. Segundo o portal de notícias G1, ela teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário, da USP. O estudante acabou sendo preso pela polícia.

O governo de São Paulo decretou luto de três dias pela morte da professora.

O que se sabe sobre o agressor

O autor é descrito em um boletim de ocorrência, ao qual o jornal Folha de São Paulo teve acesso, como tendo um perfil agressivo. Ele havia sido transferido há poucos dias da Escola Estadual José Roberto Pacheco, em Taboão da Serra, para a escola na Vila Sônia.

No boletim, datado de fevereiro, uma funcionária da escola na Grande São Paulo relatou que o jovem vinha apresentando um comportamento suspeito nas redes sociais, inclusive postando "vídeos comprometedores" com uma arma de fogo e simulando "ataques violentos".

Ela contou à polícia que o adolescente enviava pelo WhatsApp mensagens com fotos de armas aos outros alunos. "Alguns pais estão se sentindo acuados e amedrontados com tais mensagens e fotos", relatou.

No documento consta que os responsáveis pelo adolescente foram convocados à escola e orientados pela direção de que providências seriam tomadas.

O jornal O Estado de S. Paulo informou que, segundo colegas do agressor, ele havia se envolvido em discussões na semana passada, nas quais teria feito acusações de cunho racista a outro aluno durante a aula da professora Elizabeth Tenreiro.

O Estadão relatou que o adolescente avisou em postagem no Twitter que iria realizar o ataque na escola. O secretário de Segurança do estado de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que as pessoas que curtiram ou comentaram as mensagens do agressor serão investigadas.

O que se sabe sobre a professora morta

Elisabete Tenreiro, de 71 anos, dava aulas de ciências desde 2015. Ela começou a trabalhar na escola Thomazia Montoro neste ano. Em 2020, ela se aposentou como técnica do Instituto Adolfo Lutz, onde trabalhava desde 1971, mas decidiu continuar a lecionar.

Ela tinha formação em química, e trabalhou com testes e controle de qualidade no Centro de Alimentos do instituto, e foi autora de pesquisas científicas publicadas em jornais especializados.

Ao G1, uma de suas filhas a descreveu como uma pessoa dedicada a lecionar, como propósito de vida. "Ela achava que ela tinha essa missão em um país com tanta falta de educação, se ela pudesse mudar a trajetória de um aluno, ela já ganhava com isso. Ela era muito querida por onde ela passou."

Autoridades lamentam o ocorrido

"Transmito meus sentimentos e orações à família da professora Elisabeth Tenreiro, aos feridos e a toda a comunidade da Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, atingida por uma lamentável ocorrência", escreveu o vice-presidente, Geraldo Alckmin, em suas redes sociais.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), lamentou o incidente. "Não tenho palavras para expressar a minha tristeza", afirmou nas redes. O prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse se tratar de "uma tragédia que nos deixa sem palavras".

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, destacou que, se não fosse pela ação da professora que deteve o agressor, o ataque poderia ter sido ainda mais grave.

"Vale ressaltar o ato heroico da professora Cintia, de educação física. Foi ela quem imobilizou o agressor, ela que fez com que a faca fosse retirada dele. Não fosse essa ação heroica dela, certamente a tragédia teria sido muito maior", afirmou Derrite. Ele disse que a escola permanecerá fechada por uma semana.

"Vamos trabalhar para que as escolas sejam lugares seguros para crianças, jovens e toda a comunidade escolar", afirmou em postagem a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

 

rc (ots)

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